sábado, 19 de abril de 2014

Empreendedorismo
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Não é armação, é lema

17/04/14Elsa Villon
Em novembro de 2011, Naomi Arruda recebeu um telefonema do amigo Jonathan Assayag, apresentado por outros conhecidos em uma passagem por Nova York. Filho de empreendedores, o carioca que cresceu e se formou nos Estados Unidos decidiu voltar ao Brasil e abrir um negócio. Pediu a Naomi que indicasse alguém para ajudá-lo na nova empreitada e ela não teve dúvidas: disse que ela mesma era a pessoa. Surgia assim a Lema21, empresa voltada à eyewear – ou smart eyewear – que está transformando os óculos de grau em um acessório de moda. E com um preço acessível.
É possível que você já tenha visto esse nome nos anúncios do Facebook. E nas últimas semanas a marca esteve também nas passarelas da São Paulo Fashion Week e da Fashion Rio, em parcerias com as estilistas Andrea Vieira, da Pat Pat’s, e Patricia Vieira.
Assayaga estudou robótica, economia e consultoria. Fez MBA em Harvard, focado em empreendedorismo, abriu uma empresa de internet na área de educação, onde atuou durante dois anos, depois foi para o Vale do Silício, onde ficou mais um ano, até decidir voltar para o Brasil. Sua ideia nasceu a partiu da constatação de que o mercado ótico no Brasil não tinha inovação há muito tempo.
Formada pela Fundação Getúlio Vargas, Naomi começou a trabalhar em marketing como estagiária no segmento comercial de luxo com a LVMH, grupo que atua junto a marcas como Louis Vuitton, Sephora e Marc Jabobs. Depois viajou as Américas durante uma década como gerente regional da Kenzo. Morava em Nova York, mas com a crise financeira, ao saber que teria de se mudar para Miami, decidiu ‘se divorciar’ da empresa e seguir seu próprio caminho.
Apesar dos currículos extensos, Assayag tem apenas 31 anos, e Naomi 35, e são exemplos de uma geração jovem e empreendedora que possui conhecimento e disposição para competir no mercado. Unindo suas experiências profissionais anteriores, eles criaram a equação: melhor custo-benefício + tendências de moda + verticalização = Lema21.
Como tudo começou
A loja virtual entrou no ar no começo de 2013 e, segundo o CEO, de janeiro de 2013 ao mesmo período desse ano, o crescimento foi de 1000%. Por enquanto, os números só crescem e os cofundadores continuam estudando tendências, principalmente na Europa, para assegurar o ritmo de inovação. Nenhum dos dois veio do mercado ótico e foi uma caminhada de muita pesquisa até desenvolver os mais de 120 modelos disponíveis. Foi preciso um ano inteiro estudando o segmento, desde a matéria-prima até o produto final, já no rosto dos clientes.
Com uma equipe relativamente pequena, a startup conta hoje com 20 profissionais. O intuito dos fundadores é focar no talento individual de pessoas qualificadas. O e-commerce é baseado em empresas norte-americanas, principalmente de roupas, e chegou em primeiro mão na América Latina. A Lema21 é também a pioneira do modelo “Prove em Casa”, na qual o cliente recebe até quatro modelos de óculos em casa e experimentar gratuitamente por quatro dias. Passado o prazo, a empresa retira os produtos no local, mesmo se o cliente não efetuar a compra.
“Nós estamos constantemente estudando formas de simplificar a vida do consumidor, como com o Espelho Virtual”. A empresa desenvolveu um espelho virtual para que as pessoas visualizem os modelos oferecidos pela marca direto no computador. “A maior dificuldade para o público era saber como os óculos ficaram no seu rosto, já que a Lema21 só vende online. Por isso, as duas alternativas representam uma inovação”, completa Naomi.
O principal diferencial, no entanto, é o preço: qualquer armação escolhida custa R$ 245. Segundo os criadores, a ideia é fornecer um produto de qualidade, com tecnologia, estilo e um preço justo. “Nós viajamos e procuramos fábricas que fizessem os produtos com esses requisitos, principalmente em Hong Kong e na China. Acompanhamos de perto tudo, até a linha de produção, para assegurar o padrão de qualidade do produto”, contam.
Com o preço fixo, mesmo com o acréscimo do valor das lentes – que variam conforme a necessidade do cliente -, o preço final dos produtos é de cerca de 1/5 do oferecido nas óticas. “Nossos fabricantes são os mesmos da Lacoste e Givanchy, porém queremos cobrar um preço justo e acessível”, afirma Naomi.
Com apoio de investidores anjo, o projeto da Lema21 foi eleito o melhor business plan da América Latina pelo Harvard Alumni New Venture Contest, em 2012, e ficou em terceiro lugar no mundial, em Cambridge.
Não faça por dinheiro
A Lema21 também tem uma política de fomento à tecnologia assistida e hoje apoia a Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual Laramara, por meio do programa “Compre 1, Doe 1”. Tanto Assayag quanto Naomi sempre trabalharam em programas voluntários e acreditam que esse tipo de ação valoriza sim a experiência empreendedora. “Estamos indo bem nesse formato, tão bem, que é possível até ajudar os outros”, afirmam.
Naomi é sucinta quando questionada sobre dicas aos futuros empreendedores: crie sua própria filosofia e expresse o seu sonho. Além disso, enfatiza a escolha do sócio. “Se a relação não estiver bem fundamentada, nada anda e não é possível progredir”.
Já Assayag afirma que, embora pareça sedutor, empreender requer tempo e disposição. “Não faça por dinheiro. Ele é consequência do trabalho bem feito e um pouco de sorte, o cotidiano não é tão glamouroso quanto parece e talvez você tenha de trabalhar três vezes mais. Mas quando funciona, é realmente gratificante”.
Sobre o Programa SOMA.

O Programa SOMA - Superação e Oportunidades para Mulheres em Aprendizagem é uma iniciativa com propósito de desenvolver as habilidades de Gestão de Negócios.

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